Exposição Raro Percurso: 52 anos da Galeria de Arte Ipanema

Ano da exposição: 2017

Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema

Paulo Sergio Duarte

Pretendo, aqui, apresentar um quadro muito resumido do percurso de Luiz de Paula Sève no mercado de arte e de sua galeria, que, coisa raríssima, para não dizer única no Brasil, se prolonga até os dias de hoje, por 52 anos. Espero que um jovem que começa sua coleção, um jovem artista ou, mesmo, crítico possam ter uma ideia, embora tênue, do contexto em que nasce a Galeria de Arte Ipanema.

O ano era 1965. O golpe de estado no Brasil completava um ano. A cultura estava em ebulição com muitos protestos. No campo das artes visuais foi o ano da 8ª Bienal de São Paulo, na qual a representação dos Estados Unidos, por exemplo, trazia cinco telas e uma escultura de Barnett Newman, entre elas, o óleo “Vir Heroicus Sublimis”, 1950-51, 244 x 545 cm, uma das grandes obras-primas do Expressionismo Abstrato. Estavam presentes, nessa mesma representação, Donald Judd, Frank Stella, Billy Al Bengston, Robert Irwin, Larry Poons e Larry Bell. No Rio de Janeiro, o Museu de Arte Moderna, que funcionava exclusivamente no chamado Bloco Escola, Ivan Serpa, que dava aula num curso livre de pintura, a Cinemateca, sob a direção de José Sanz, apresentou o ciclo do Cinema Fantástico, no qual foram projetadas obras-primas do expressionismo alemão, realizou-se uma magnífica exposição de relevos de Sergio Camargo, esculturas de Liuba Wolf estiveram no terraço. O ponto culminante de sua programação foi a antológica exposição Opinião 65, de 12 de agosto a 12 de setembro, como parte das comemorações do 4º Centenário da cidade, organizada pelos marchands Ceres Franco e Jean Boghici. Essa exposição introduzia, no Brasil, de forma adequada, o conceito de Nova Figuração, forjado pelo crítico francês Michel Ragon, que substituía o inadequado Pop Art, quando aplicado às obras de José Roberto Aguillar, Angelo de Aquino, Antonio Dias, Wesley Duke Lee, Roberto Magalhães, Carlos Vergara, entre tantos outros, presentes na exposição. Mas, acima de tudo, a exposição apresentou na sua abertura uma performance de Hélio Oiticica, com seus “Parangolés”, acompanhado de passistas e membros da bateria da escola de samba Estação Primeira Mangueira. Oiticica foi proibido pela direção do MAM-RJ de entrar no museu acompanhado de seus passistas e músicos. Essa proibição foi origem de um protesto na abertura da Opinião 65, mas não impediu que, depois, o artista mostrasse os “Parangolés” no espaço de exposição, no qual, ele, artistas e visitantes podiam vesti-los e executar performances.

Nesse mesmo ano, Luiz de Paula Sève cursava o quinto ano de Engenharia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), quando morre o seu pai, que não deixa nenhuma herança significativa. A origem de seu nome Sève, segundo Di Cavalcanti, seu grande amigo, encontra-se na chegada dos holandeses ao Brasil, no século XVII. Primeiro teriam ido para o Maranhão, depois para Pernambuco. Seu pai já tinha nascido no Rio de Janeiro. Havia poucos membros com o nome Sève aqui no Rio, “bastava olhar a lista telefônica para ver uma coluna e meia de nomes Sève”. Com a morte do pai, tinha, então, de cuidar de seu sustento. Sua mãe o aconselha a procurar sua tia Marilu Ribeiro, mãe de Leonídio Ribeiro Filho, que, em 1977, assumiria a presidência da poderosa Sul América Seguros. Ela o aconselha a abrir uma galeria de arte e lhe indica clientes. Seu tio, Aloysio de Paula, um eminente médico, tinha sido diretor do MAM-RJ, e havia sido médico do Pancetti. Em casa, Sève tinha Pancettis, entre outras obras; “por ocasião de casamento de filhos de amigos, minha mãe dava um Pancetti de presente”, me conta.

No entanto, insiste que, enquanto estudante de Engenharia, não tinha nenhuma educação artística. Dentro do conhecido modelo construído por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, como todo bom brasileiro de classe privilegiada, vai buscar nas relações familiares os meios de sua realização. E essas eram fartas e bem situadas para realizar a sugestão da tia.

Aluga uma sala interna no Hotel Copacabana Palace e no dia 15 de novembro de 1965 inaugura sua primeira exposição. Uma mostra de pintores nipo-brasileiros: Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Tikashi Fukushima, Kazuo Wakabayashi e Yuji Tamaki. A mostra, que foi sugestão de sua tia Marilu Ribeiro, foi, sob vários aspectos, um grande sucesso: “a nossa tia sempre foi uma pessoa à frente do seu tempo e nos apresentou as novas tendências da época”, lembra Sève.

 É, assim, criada a galeria de arte Copacabana Palace, que, segundo Sève, por razões óbvias de marketing não poderia ter outro nome. Nascia, ali, aquela que mais tarde viria a ser a Galeria de Arte Ipanema.

Essa seleção para a abertura não foi uma questão de gosto pessoal. A abstração informal estava, na escolha de brasileiros de posses, no seu auge, e os pintores de origem japonesa se destacavam nessa linguagem. O Mabe, que ficou internacionalmente conhecido pelo trabalho do marchand Profili, era, antes de tudo, um grande empresário, um grande relações-públicas das indústrias japonesas. Os grandes ministros da época Roberto Campos e, logo depois, Delfim Neto, sabiam quem era o Mabe. Uma grande empresa japonesa fez um prédio em Tóquio, e o Mabe vendeu vinte ou trinta telas para esse edifício, daquelas de 3 x 3 m, 2 x 2 m, que eram uma realização plástica extrema, e de um retorno financeiro brutal, para a época.

Logo em seguida à inauguração, como Marilu Ribeiro gostava muito de Henri Rousseau, foi feita uma mostra no Natal de 1965 com os primitivos Grauben, Ivan Moraes, Zé Inácio, entre outros, muito famosos na época. Tempos depois, foi realizada uma exposição de, outros primitivos paulistas, José Antonio da Silva, muito importante e apreciado até hoje no Brasil inteiro.

Em 1966, a galeria inaugurou uma exposição coletiva com uma série de guaches de Salvador Dalí, Ivan Serpa, Teresa Simões, Nelson Leirner, Raimundo de Oliveira, Reynado Fonseca, Roberto Feitosa, Marcier, Paulo Roberto Leal, os jovens e Raymundo Colares.

Em 1969, houve uma exposição do escultor Yutaka Toyota, grande expressão da época, e que foi talvez o artista “brasiliri” que conseguiu o maior valor de venda por uma obra de arte monumental, feita para Coreia do Sul.

Para comemorar os 10 anos da galeria, foi realizada uma espetacular mostra de Portinari. Em destaque nesta exposição um antológico e enorme Jogo de Futebol, que mereceu uma reportagem de primeira folha do Caderno B de domingo do Jornal do Brasil, um painel na Lagoa na Pampulha, e também uma cena de Brodowski do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e muitos outros quadros.

Já nos 15 anos da galeria foram comemorados com uma mostra individual do artista Manabu Mabe, realizada no Rio e em São Paulo, na qual foram expostos guaches e óleos do período 1959 a 1962, fase das mais importantes dentro da carreira do artista. Os quadros que foram vistos pertenciam a famosa coleção Claudio Profili. Foi dentro desse período (1959-1962) que Mabe recebeu seus maiores prêmios: 5º Bienal de São Paulo; Prêmio Braum para melhor pintor na I Bienal de Jovens de Paris; primeiro Prêmio na XXX Bienal de Veneza; Prêmio Internacional Guggenheim de Nova York e Bienal de Córdoba. Foi homenageado com o artigo intitulado “The year of Manabu Mabe” [O ano de Manabu Mabe], publicado na revista Time, em Nova York. 

Um sócio constante, desde 1967, nessa trajetória foi seu irmão Frederico Sève. Em 1971, ele sugere a abertura de uma outra galeria em São Paulo. Abriram grande galeria com projeto do então jovem arquiteto Ruy Ohtake. “Eram duas casas alugadas na rua Oscar Freire, 779 e 789. Frederico vai para São Paulo, mantínhamos um apartamento na rua Consolação. Ao lado havia o Plano’s Bar, o melhor de São Paulo, na época. A galeria virou um point, passou a ser frequentada por grandes empresários”, recorda Sève. A direção ficou a cargo de Maria Lúcia Moura e a inauguração foi uma grande mostra do Mário Gruber, na época talvez o mais procurado artista de São Paulo. Também em São Paulo, fizemos uma importantíssima exposição de artistas europeus, alguns impressionistas, como Lèger, Maria Helena Vieira da Silva, Hartung, Bellmer, entre outros. Essas obras pertenciam a um colecionador português chamado Arlindo Orlando.

Um jovem, hoje, não pode ter ideia do quanto era rarefeito o mercado de arte. Fico restrito apenas à situação dos espaços comerciais, no Rio de Janeiro, na década de 1960. A Petite Galerie, inaugurada em 1953, pelo artista Mario Agostinelli, fora adquirida pelo italiano Franco Terranova em 1954, e muda-se da Avenida Atlântica, em Copacabana, para a Praça General Osório, 53, em Ipanema, nos anos 1960. Era uma referência como ponto de encontro de artistas e intelectuais.  Em 1960, Giovanna e Alfredo Bonino abrem a galeria Bonino na rua Barata Ribeiro, 578, Copacabana, no quarteirão entre as ruas Raimundo Correia e Dias da Rocha. É o primeiro espaço comercial projetado especialmente para expor obras de arte, o autor do projeto foi o arquiteto Sergio Bernardes.[2] Próxima ao Copacabana Palace, na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 252, no quarteirão entre as ruas Rodolfo Dantas e Duvivier, havia a pequena Galeria Relevo, inaugurada em 1961, por Jean Boghici, tendo por sócios Jonas Prochovnic, comerciante de automóveis, Eryma Carneiro, advogado tributarista, e seu filho Carlos Eryma. Praticamente, eram essas as principais galerias comerciais do Rio de Janeiro, quando Luiz de Paula Sève inicia sua trajetória no mercado de arte.

Voltando à galeria de arte Copacabana Palace; em 1967, ela se muda para uma das lojas do próprio hotel, dessa vez de frente para a calçada da Avenida Atlântica. Sève me narra que, em seguida, apareceu uma oportunidade na rua Farme de Amoedo, 56, Ipanema: “Fui ver o espaço térreo, era bom e seria só nosso; aluguei. Era uma casa velha, teve que sofrer adaptações. ” Nasce, assim, o novo nome Galeria de Arte Ipanema. Sève, já casado, para garantir o sustento, trabalhava na Bolsa de Valores e no final da tarde ia para a galeria. Em frente, havia uma loja de roupas para homens “muito bem frequentada, inclusive por corretores da Bolsa, cujos clientes passaram a frequentar a galeria. Ali permaneci até 1973, quando apareceu uma casa espetacular, na rua Aníbal de Mendonça, 27. ” Sève aluga o imóvel, onde a Galeria de Arte Ipanema permaneceu até 2014. A galeria se muda provisoriamente para um outro imóvel na mesma rua, a casa é demolida e Sève encomenda um projeto ao arquiteto Miguel Pinto Guimarães de um prédio de quatro andares. Uma nova fase se inicia, agora, em novembro de 2017.

A origem do acervo da galeria e de sua coleção pessoal, com preciosos Volpis, magníficos relevos de Sergio Camargo, entre outras importantes obras, esteve na constante reaplicação do dinheiro obtido nas vendas em obras de arte, “retirando apenas o mínimo para poder sobreviver”.

Hoje, no mundo globalizado, com comunicação instantânea e informações atualizadas minuto a minuto, nos acostumamos a examinar o meio de arte, nessa escala atual, e nele o mercado de arte. Temos que nos esforçar para recuarmos ao país do início da década de 1970. Sève me relata que, no Brasil, o conhecido “boom de 1971” da Bolsa de Valores teve efeito imediato na subida de preços de obras de arte.

 “Jovens começaram a retirar o dinheiro do jogo, como se diz no jargão, e diversificar seus investimentos em imóveis e comprar arte”, Sève se lembra. Para conhecidos corretores da bolsa, vendia Di Cavalcanti, Portinari, enfim, nomes consagrados. Lembro, para ele, que nos anos 1980, há um grande boom do mercado de arte no plano internacional, sobretudo com uma pesada entrada de capitais japoneses no mercado de arte. Sève se lembra que, quando os japoneses compraram um Van Gogh por US$ 40 milhões, teve a ideia de propor a uma grande companhia de seguros de fazer um anúncio: “Faça como os japoneses: comprem um Van Gogh por 40 milhões de dólares. ” Ainda no início da década 1970, dois importantes artistas da Galeria Bonino se transferem para a Ipanema: Reynaldo Fonseca e Newton Resende. Olívio Tavares de Araújo, então crítico de arte da revista Veja dedica um longo artigo à exposição de Reynaldo Fonseca na Galeria de Arte Ipanema e faz questão de filmá-la. Millôr Fernandes, que morava próximo, frequentava a galeria e, numa de suas charges para Veja, desenha uma moça de biquíni com a Galeria de Arte Ipanema ao fundo: “quase todos os grandes artistas da época estavam na galeria. ”

Sève fala, com muita modéstia, de seu entendimento de arte no início da carreira, dizendo ser nulo e sublinha, sempre, a importância dos conhecimentos e relações pessoais da tia Marilu Ribeiro. Lembra a relação cordial com concorrentes como Franco Terranova e Jean Boghici.

O acervo da galeria é extremamente eclético, embora esteja concentrado, mesmo na arte contemporânea, em nomes reconhecidos. Não se encontra lá apenas artistas históricos dos anos 1950, 1960. Vemos jovens como Gabriela Machado, Nelson Félix, Waltercio Caldas, todos representados por peças relevantes, entre muitos outros nomes mais recentes. Em 2010, realizou uma individual de José Resende, e lembra que, ainda no Copacabana Palace, foi responsável pela primeira exposição individual de Raymundo Colares, novamente por sugestão da sua tia Marilu Ribeiro, que acabava de ganhar um prêmio para artista jovens. E se tornaria mais tarde um artista de reconhecimento internacional. “Essa exposição foi um grande sucesso de crítica e um grande fracasso comercial”. Nessa diversidade reside, para um colecionador, a possibilidade de ter uma ampla gama de escolhas de obras de arte, grande parte, sem dúvida alguma, relevante, o que não encontra em galerias mais especializadas.

Luciana Sève vem colaborar com o pai a partir de 2001. A primeira exposição na qual ela participa foi uma grande mostra de Volpi nesse mesmo ano. “Cristina Burlamaqui, colecionadora e curadora, foi muito importante nessa exposição”, lembra Luiz Sève. Luciana lembra de importantes exposições que a marcaram: Milton Dacosta, Iberê Camargo, Maria Leontina. Parte significativa das exposições passam a ser objeto de uma documentação por catálogos bem cuidados. A consulta ao currículo da galeria demonstra a densidade desse trajeto e para se ter ideia da diversidade de artistas em seu acervo basta consultar seu site: http://www.galeria-ipanema.com/acervo.

A Galeria de Arte Ipanema, intermediou a venda de um “forro de nave / capela” de uma igreja à coleção Roberto Marinho, do artista Manuel da Costa Ataíde, mais conhecido como Mestre Ataíde, que é considerado a principal figura da pintura barroca mineira.

Ao logo destes cinquenta anos a galeria criou importantes e afetuosos laços com grandes artistas. Sève lembra que Volpi, um dos mais significativos de sua época, “talvez o mais criativo”, “sempre nos pedia que trouxéssemos da Europa pigmentos com cores diferentes e, de Paris, queijo PECORINO SICILIANO. Por ser muito difícil de encontrar, às vezes trazíamos o queijo ROMANO. Certa vez, pediu também uma máquina para fazer macarrão em casa, que conseguimos”. Sève conta também que Volpi vendia todo mês à galeria um quadro grande, e em meses de sorte um grande e um pequeno: “A primeira obra do artista que a galeria comprou, foi uma MADONA ROSA, espetacular”.

Na edição de natal de “1981” o Jornal O Globo colocou na primeira página uma outra Madona do Volpi, que também fazia parte do acervo da galeria.

Di Cavalcanti também foi um grande parceiro, chegando a firmar, em 1971 um contrato de exclusividade com a galeria, e essa parceria aparece no depoimento que sua filha, Elisabeth fez especialmente para este livro. Sève relata que Dona Maria Luiza Guedes, a empregada do Di, sempre alertava onde ele escondia seus quadros: no quarto dela. “Em um dia memorável conseguíamos receber do Di até 17 (dezessete) quadros de uma só vez, juntamente com um enorme painel. E como ele estava naturalmente adiantado nos recebimentos, não tinha problema”, lembra Sève. Todos já ouviram falar das mulatas do Di, e dentre as musas que inspiraram estes quadros estão, Marina Montini e Yvete. A artistas como Dacosta, Leontina e posteriormente, seu filho Alexandre também nos proporcionaram trabalhos e momentos muitos agradáveis.

Além da inestimável parceria dos artistas, a galeria também pode contar em sua trajetória com importante apoio e patrocínio das seguradoras Icatu Hartford, Real Seguros e Sulamérica.

Trata-se de um raro percurso no mercado de arte do Rio de Janeiro e do Brasil que chega agora aos 52 anos, num belo edifício, na mesma rua Aníbal de Mendonça, onde se encontra desde 1972.

Rio de Janeiro, outubro de 2017.


[1] Esse texto, em tudo que se refere à história da Galeria de Arte Ipanema, se baseia em um depoimento que colhi de Luiz de Paula Sève, na presença de sua filha e companheira de trabalho Luciana Sève, em agosto de 2017. Trechos entre aspas são palavras retiradas da gravação desse depoimento. Trechos entre aspas que não correspondem ao depoimento estão seguidos de notas sobre a fonte.

[2] GALERIAS Comerciais no Rio de Janeiro e em São Paulo até 1970. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo5400/galerias-comerciais-no-rio-de-janeiro-e-em-sao-paulo-ate-1970>. Acesso em: 28 de outubro de 2017. Verbete da Enciclopédia.

ISBN: 978-85-7979-060-7


Di Cavalcanti e a Galeria Ipanema

Desde sempre, por sua importância artística, Di Cavalcanti, o velho Di, era conhecido da Galeria Ipanema.

Num encontro casual, num restaurante ícone do Rio de Janeiro, os irmãos Sève demonstram interesse em uma parceria com o artista.

A todos conhecendo, um verdadeiro “who’s who” carioca, Di procura imediatamente o tio dos “meninos”, Leonídio Ribeiro, para ventilar sobre essa possível parceria.

Com sua incrível vivacidade, disseca a família Sève – trajetória do Maranhão ao Recife e, finalmente, ao Rio de Janeiro – e identifica o Padre Sève, tio-avô dos irmãos, como confessor de sua mãe, Da. Rosália.  O elo está feito!

A Galeria fez várias exposições tanto no Rio como em São Paulo:  1973, 1977 e 1987, inclusive uma mostra em São Paulo com quadros abrangendo o período de 1937 a 1940. Esses trabalhos tinham sido encaixotados em junho de 1940 quando da fuga precipitada de Di ante a iminente queda de Paris, sendo somente reencontrados em 1966 nos porões da embaixada brasileira na sua sempre amada cidade, Paris.

Como de praxe, Di envolve os dois irmãos que passam a ter “causos” a contar:  em 1971, ele convida Frederico para ir ao réveillon em Salvador. Infelizmente, este não consegue embarcar no voo.  Frustrado, parte para Angra e capota o carro.  Sua única preocupação é salvar um quadro recebido de Di como presente antes de seu embarque com Jorge Amado para Salvador. Participação dos irmãos em bate-papos sem fim em seus restaurantes favoritos – Le Bec Fin, Michel.  Tudo regado com o whiskinho de sempre e muitas risadas.

Com vasta vivência de Di Cavalcanti, a Galeria Ipanema sempre colabora com empréstimo de obras de seu acervo em exposições comemorativas da genialidade do velho Di,  como “Di Cavalcanti: um perfeito carioca”, curadoria de Denise Mattar, na Caixa Cultural do Rio Janeiro:  “Abra-me os braços, mais uma vez, cidade onde nasci”.


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