Ano da exposição: 2010
A solução clara, elegante, de articulações tensas e precárias, distingue prontamente uma escultura de José Resende. A disparidade de materiais, o recurso a laços, nós e dobras como agentes de sustentação, até a posição circunstancial no ambiente, tudo converge para uma configuração positiva que testemunha a maleabilidade inesgotável do espaço, a disponibilidade essencialmente plástica do mundo. E um fator-surpresa intrínseco reforça a sensação de estar de frente a uma lírica desinibida, capaz de assimilar toda e qualquer matéria, armar situações tão diversas e imprevistas quanto convincentes, e de imediato singularizá-las, torná-las por assim dizer únicas. Em suma, autenticá-las mediante o poder e a graça de autoria.
Ronaldo Brito