Entre a Razão e a Emoção

Ano da exposição: 2006

UBS Pactual e Galeria de Arte Ipanema encerram o ano com a coletiva de cinco dos maiores artistas brasileiros: Ismael Nery, Alfredo Volpi, Milton Dacosta, Iberê Camargo e Ivan Serpa.

A mostra Entre a Razão e a Emoçao marca, mais uma vez, a importância da contribuição do Banco Pactual ao circuito de arte brasileiro nos últimos anos com a ediçao, nos últimos seis anos de alentados livros sobre estes artistas.
Para realizar o evento que vai de 14 de dezembro a 28 de janeiro foram reunidas, na Galeria de Arte Ipanema, 58 obras dos artistas Volpi, Ivan Serpa, Milton Dacosta, Iberê Camargo e Ismael Nery. A mostra, com a curadoria de Denise Matar, possibilita uma reflexão sobre os caminhos da arte no século XX, e especialmente sobre a histórica dualidade razão e emoção.
A exposição apresenta 6 obras de Ismael Nery, com destaque para “Retrato de Adalgisa” obra de sua fase monocromática, na qual o artista joga com luz e sombra sobre azuis profundos, recortando o perfil marcante de sua mulher Adalgisa.

“Ismael Nery foi um dos artistas mais singulares da produção moderna brasileira. Nos seus retratos e autoretratos, Nery mostra o Eu divino e o Eu satânico, o Eu masculino e feminino, se funde com o seu amigo Murilo e com Adalgisa; o artista sobrepõe-se, duplica-se, multiplica-se.” (Denise Mattar, Ismael Nery, Pactual 2004)

De Alfredo Volpi foram selecionadas 14 obras. O depuramento das formas e uso da têmpera é a característica dessas obras cujo cromatismo poroso e aveludado é inigualável. Admirado pelos concretistas e neoconcretistas, Volpi não se filia a rigor a nenhuma dessas correntes, estando mais próximo da chamada “geometria sensível”.

“A evolução das paisagens de meados da década de 1930 ao final dos anos 40 permite perceber o rebatimento paulatino daquele complexo de ladeiras e casarios a um espaço verticalizado, desdobrando-se em faixas, triângulos e paralelogramos coloridos.” ( Sonia Salztein, Volpi, Pactual, 2000).

Milton Dacosta está representado por 18 obras, mostrando algumas de suas fases. Desde o construtivismo de seus Castelos e Naturezas Mortas, até a composição precisa das Cabeças, e a sensualidade de suas Vênus.

“Dacosta nunca assume o papel de vanguardista, inovador ou revolucionário. Contrário ao tom polêmico de nossos modernistas, opta por uma visão mais realista da missão do artista. De um lado, o rigor e a geometria de suas composições (tanto as construtivas, quanto as figurativas), de outro, qualidades como lirismo, sensibilidade, intuição, fantasia.” (Vera Beatriz Siqueira, Milton Dacosta, Pactual, 2005).

Iberê Camargo, com 10 obras, está representado em suas diversas fases. Há uma paisagem do início de sua carreira e obras das séries Natureza Morta, Carretel e Bicicletas com sua carga dramática e expressionista.

“Iberê é um homem dostoievsquiano, angustiado, trágico, sinistro, violento, atormentado pela consciência. [Ele assume] a pintura e sua história como base íntegra da revolta. (…) A consciência de si que toma a forma da angústia e do desespero não pode se situar num espaço definido e num tempo histórico. Não aceita limites. Tardio romântico, portanto historicamente deslocado, e mesmo assim mais desesperadamente romântico”. (Paulo Venãncio, Iberê Camargo, Pactual, 2001)

Ivan Serpa era um artista múltiplo, que não tinha medo de errar e que ousava realizar o que para ele fosse significativo em cada momento. A principal característica que marcou sua obra foi a inquietação estática. Como artista, foi um geométrico que precisava falar da vida. Adorava o método e o caos criativo, era fascinado pela simetria e foi pelas teorias do concretismo que melhor se expressou.
A exposição apresenta 10 obras do artista. De sua fase expressionista está a obra Rosto, uma enorme cabeça que urra de dor, exalando um desespero descomunal. Há também uma obra de sua fase abstrato-informal e sua última série, quando ele volta à geometria numa série de grandes telas onde posiciona círculos concêntricos de maneira muito precisa, a partir de seu interesse pela geomancia.

“Serpa foi um artista que repudiava o comodismo e a estagnação do pensar e do olhar(…). Numa tela de 1972, o artista faz uma leitura da figura geomantica “Laetitia” que simboliza a felicidade, a alegria de viver. Talvez seja essa a chave para entendermos Ivan Serpa. Sua adoração pela vida em toda a sua pluralidade.” (Fabiana Werneck Barcinski, Ivan Serpa,Pactual, 2003).

Esta exposição na Galeria de Arte Ipanema mostra que o dualismo razão e emoção não é necessariamente antagonismo e que ele pode e tem sido manipulado pelos artistas como uma parceria, uma convivência, que pode ser pacífica ou muito tumultuada, mas racionalmente emocional.

Galeria de fotos

pt_BRPT_BR